Aula 01 – Introdução: O Idioma japonês
O japonês é um idioma sem igual… Entre tantas caraterísticas curiosas, temos o fato de que é composto por 3 “alfabetos” (na verdade 3 sistemas de escrita) usados juntos! Dois deles representam os sons da lingua japonesa, enquanto o outro representa idéias (ações, objetos, seres). E qual seria o motivo disso?
A primeira forma de escrita a surgir foi o kanji (ou ideograma), que veio importado da China e começou a ser usado no Japão. Por ser extremamente complicado e trabalhoso, outros métodos foram desenvolvidos para que mais pessoas tivessem acesso à escrita no Japão antigo. O hiragana foi criado para que mulheres, que não tinham acesso à educação, pudessem escrever. Já o katakana foi desenvolvido pelos monges budistas.
Com o passar do tempo, passaram a utilizar os 3 sistemas juntos e misturados, atribuindo uma função diferente para cada um deles nas frases. Foi uma boa idéia pois, tarefas como a flexão de verbos ficaram mais simples, e isto permitiu o aparecimento das partículas, estruturas que possuem uma importante função gramatical e auxiliam na formação das frases. O hiragana e o katakana juntos são chamados de kanas (ou silabários).
Kanji
Também conhecido como ideograma, é um alfabeto ideográfico, ou seja, cada kanji representa uma idéia, conceito ou objeto e pode possuir de uma a várias pronúncias diferentes.
Normalmente são caracteres complexos, com muitos traços:
significado: ouvir pronúncia 1: kiku pronúncia 2: bun
Hiragana
É usado para representar as palavras naturais da língua japonesa, e também são usados como auxiliares gramaticais chamados de “partículas” ou ainda como complementos indicando o tempo do verbo (passado, futuro), a classe gramatical (adjetivo, advérbio), entre outros.
São caracteres com traços mais curvos:
おはよう
significado: bom dia pronúncia: ohayou
Katakana
É usado para escrever palavras de origem estrangeira (nomes não asiáticos como Fernando, David, Michael) ou onomatopeias (que são as descrições de sons como “tic-tac”, “toc-toc”). Normalmente em um texto em japonês, também utiliza-se esse silabário para dar destaque a uma palavra ou frase, como se fosse um DESTAQUE no meio do texto, ou em uma manchete de jornal.
São caracteres com traços mais retos:
ブラジル
significado: Brasil pronúncia: burajiru
Romaji
Para finalizar temos o romaji, que não é um silabário ou ideograma. Ele é a representação sonora de palavras japonesas usando o nosso alfabeto ocidental.
Por exemplo, em japonês, Brasil é ブラジル (katakana por ser uma palavra estrangeira). Quando transcrevemos isso para o alfabeto ocidental, temos:
burajiru
Ou seja, romaji é a transcrição da pronúncia japonesa para o alfabeto “romano”, daí o nome ROMA (romano)+JI (escrita).
Mas qual é mesmo a diferença de silabário para ideograma?
O ideograma tem um sentido, representa um objeto, ou idéia, além de possuir uma ou mais formas diferentes de se “pronunciar”.
O silabário somente representa sons, mas ao invés de ser composto por letras soltas como o nosso (a,b,c,d,e,f,g,etc…), ele é composto em sua grande parte por sílabas (na, ne, ni, no, nu, pa, pe, pi, po, pu e etc…).
De onde vieram os kanjis? Quantos existem?
Os kanjis chegaram ao Japão através dos chineses. Na língua chinesa existem mais de 40 mil ideogramas (hoje há o chinês simplificado que reduziu em muito o número de kanjis usados no dia a dia).
Já no japonês, apenas alguns dos ideogramas chineses são utilizados, sendo os 2136 ideogramas que são estudados durante o ensino fundamental e médio no Japão chamados Jouyou Kanji. Este conjunto de kanjis seria os ideogramas de conhecimento indispensável para o entendimento da língua japonesa no cotidiano.
A quantidade de ideogramas pode assustar um pouco, mas calma… Aos poucos você aprenderá que muitos kanjis são derivados de outros, tanto em significado quanto pronúncia, tornando até possível “adivinhar” o significado de algum ideograma que você não conheça por similaridade, mas isso é papo para o futuro…
Na lição seguinte, você verá como funciona a escrita e leitura no japonês.